sábado, 9 de março de 2013


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Agora você vai ler um texto no qual ocorre um diálogo entre mãe e filha 
-Verônica, minha filha, quero falar com você.
A mãe entrava, sentava-se a meu lado na cama. O jeito era fechar o livro.
- Acho que não está certo, afinal você já está grandinha, uma moça, anda toda desgrenhada, cabelo parece que nunca viu pente. Depois, tem de parar com a mania de só usar uma roupa até ela ficar em frangalhos, aquela malha já foi até remendada pelo Clô, e essa boina, que foi de sua avó, imagina, já está arrepiada e azulada como um... sei lá o quê,
como um ninho... O cabelo...
 - Quero deixar ele crescer.
- Ta bom, mas como está não pode nem trançar, nem enrolar, tem de dar um jeito, fica batendo no olho, pode até fazer mal. E ainda tem os modos. Você se lembra o que disse do M do monograma da Candinha. Ora, você está cansada de saber que o nome dela é Maria Cândida, nada mais natural que escolher o M. Não era para você fazer aquela cara de inocente ou desligada, mas eu te conheço muito bem, e dizer: “Gente, o nome é Candinha e a inicial é M, só se for M de meleca”, isso lá é coisa que se diga! Não tinha ninguém por perto, mas eu ouvi e não gostei, onde já se viu? Isso não são modos. Depois ainda tem essa mania de ficar horas embaixo da cama, às vezes falando sozinha parece louca! Como se
não bastasse conversar com o cachorro, com o papagaio, até com o pé de boldo...
Quando mãe começa assim pode levar horas. O melhor é ficar quieta e deixar o barco correr...
ARÉAS. Vilma. Aostrancoserelâmpagos 
.SãoPaulo,Scipione,1988.p.105-6(sérieDiálogo)

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