O Leão (inspirado em William Blake)
Leão! Leão! Leão!
Rugindo como um trovão
deu um pilo, e era uma vez
um cabritinho montês.
Leão! Leão! Leão!
És o rei da criação!
Tua goela é uma fornalha
teu salto, uma labareda
tua garra, uma navalha
cortando a presa na queda.
Leão longe, leão perto
nas areias do deserto.
Leão alto, sobranceiro
junto do despenhadeiro.
Leão na caça diurna
saindo a correr da furna.
Leão! Leão! Leão!
Foi Deus que te fez ou não?
O salto do tigre é rápido
Como o raio; mas não há
tigre no mundo que escape
do salto que o leão dá.
Não conheço quem defronte
o feroz rinoceronte.
Pois bem, se ele vê o leão
foge como um furacão.
Leão se esgueirando, à espera
da passagem de outra fera...
vem o tigre; como um dardo
cai-lhe em cima o leopardo
e enquanto brigam, tranquilo
o leão fica olhando aquilo.
Quando se cansam, o leão
mata um com a mão.
Leão! Leão!
Leão!
És o rei da criação!
Vinícius de Moraes em: A
arca de Noé – poemas infantis, 1991.
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