Machado de Assis
O Bruxo de Cosme Velho tem lugar
garantido em uma selação dos cronistas brasileiros. Ele molhava a sua
pena na tinha da melancolia e na tinta da galhofa. Tido,
equivocadamente, como alienado das questões sociais de seu tempo, ele
abordou, ironicamente, os descalabros da política, a infâmia da
escravidão e as mazelas sociais do século 19, com um olhar oblíquo e
dissimulado.
Lima Barreto
Ele é, em certo sentido, o anti-Machado
de Assis, a quem recriminava como “autor para moças prendadas”. Lima
Barreto assumia a condição de “mulato, pobre e livre”. Com um estilo
direto e coloquial, ele criticou, com observações de senso crítico
agudo, as desigualdades sociais do século 19. Exercitava o artigo leve
na forma, mas incisivo no conteúdo.
João do Rio
O nome verdadeiro dele era João Paulo
Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto. Esquadrinhou o Rio de
Janeiro, com instinto de repórter, a errância do boêmio e o instinto do
repórter. As suas crônicas são carregadas de finas observações e lirismo
requintado.
Cecília Meireles
A poesia de Cecília é pura música. E ela
imprimiu as qualidades de sua poesia na vasta obra de cronista espalhada
pelos jornais. A sua prosa é marcada pelo ritmo, a musicalidade e o
lirismo delicado.
Rubem Braga
Despretensiosamente, ele promoveu sozinho
uma espécie de Semana de Arte Moderna na crônica ao radicalizar na
subjetividade e inventar novas maneiras de cultivar o gênero: a carta, a
divagação vagamente filosófica, o poema em prosa. Guimarães Rosa dizia
que os escritores deviam construir catedrais e não fazer biscoitos, mas
se rendeu aos biscoitos finos produzidos por Rubem Braga para os
jornais, em dramática contagem regressiva contra o ponteiros dos
relógios.
Nelson Rodrigues
Reconhecido na condição de mais
importante autores do teatro brasileiro, Nelson é, também, um dos mais
inspirados cronistas tanto no campo dos costumes, da cultura quanto do
futebol. Dramaturgo da cabeça aos sapatos, ele promove uma mistura
desconcertante de drama e humor contundente. Ele inovou o gênero ao
inventar personagens célebres tais como O Idiota da objetividade, O
Cretino Fundamental, A Granfina com Narinas de Cadáver, o Sobrenatural
de Almeida e o Gravatinha.
Paulo Mendes de Campos
Ele
tinha pretensões de ser poeta, considerava a crônica um ofício menor,
mas acabou se transformando em um dos melhores cronistas brasileiros,
com um texto elegante, fluído e lírico.
Clarice Linspector
Ao comentar as crônicas de Clarice
Lispector, Rubem Braga dizia que ela “só era boa em livro”. Mas o mestre
do gênero se equivocou. Não percebeu que ela inventou uma espécie de
subgênero dentro do gênero: a crônica metafísica. A partir de situações
triviais, Clarice pode lançar o leitor a grandes voos de lirismo. Como
ela mesma disse, a beleza é o nosso elo com o infinito.
Carlos Drummond de Andrade
O mais importante poeta brasileiro também
merece figurar na seleção dos cronistas. A sua produção é vasta e
desigual. Drummond guardava o essencial para a poesia, mas escreveu
belíssimas crônicas, em um estilo, ao mesmo tempo, moderno e clássico,
quase machadiano. Inovou no gênero ao fazer crônicas em versos, reunidas
na série Versiprosa.
Vinicius de Moraes
Como tantos outros nomes de primeira
linha do modernismo brasileiro, Vinicius de Moraes escreveu crônicas
para garantir a sobrevivência. Sem chegar a ser um cronista original,
ele desfilou a condição de craque com um estilo impecável, combinando
leveza , senso de humor e lirismo.
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