terça-feira, 25 de agosto de 2015

HQ - Tirinhas
































Os 10 Maiores Cronistas do Brasil

Machado de Assis

Biblioteca Nacional Digital do RJ
O Bruxo de Cosme Velho tem lugar garantido em uma selação dos cronistas brasileiros. Ele molhava a sua pena na tinha da melancolia e na tinta da galhofa. Tido, equivocadamente, como alienado das questões sociais de seu tempo, ele abordou, ironicamente, os descalabros da política, a infâmia da escravidão e as mazelas sociais do século 19, com um olhar oblíquo e dissimulado.

Lima Barreto

Internet/Reprodução

Ele é, em certo sentido, o anti-Machado de Assis, a quem recriminava como “autor para moças prendadas”. Lima Barreto assumia a condição de “mulato, pobre e livre”. Com um estilo direto e coloquial, ele criticou, com observações de senso crítico agudo, as desigualdades sociais do século 19. Exercitava o artigo leve na forma, mas incisivo no conteúdo.

João do Rio

Internet/Reprodução
O nome verdadeiro dele era João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto. Esquadrinhou o Rio de Janeiro, com instinto de repórter, a errância do boêmio e o instinto do repórter. As suas crônicas são carregadas de finas observações e lirismo requintado.

Cecília Meireles

Arquivo/CB
A poesia de Cecília é pura música. E ela imprimiu as qualidades de sua poesia na vasta obra de cronista espalhada pelos jornais. A sua prosa é marcada pelo ritmo, a musicalidade e o lirismo delicado.

Rubem Braga

Rubem Braga/Editora Globo/Reprodrucao
Despretensiosamente, ele promoveu sozinho uma espécie de Semana de Arte Moderna na crônica ao radicalizar na subjetividade e inventar novas maneiras de cultivar o gênero: a carta, a divagação vagamente filosófica, o poema em prosa. Guimarães Rosa dizia que os escritores deviam construir catedrais e não fazer biscoitos, mas se rendeu aos biscoitos finos produzidos por Rubem Braga para os jornais, em dramática contagem regressiva contra o ponteiros dos relógios.

Nelson Rodrigues

Internet/Reprodução
Reconhecido na condição de mais importante autores do teatro brasileiro, Nelson é, também, um dos mais inspirados cronistas tanto no campo dos costumes, da cultura quanto do futebol. Dramaturgo da cabeça aos sapatos, ele promove uma mistura desconcertante de drama e humor contundente. Ele inovou o gênero ao inventar personagens célebres tais como O Idiota da objetividade, O Cretino Fundamental, A Granfina com Narinas de Cadáver, o Sobrenatural de Almeida e o Gravatinha.

Paulo Mendes de Campos

Acervo Lourdes e Wilson FigueireEle tinha pretensões de ser poeta, considerava a crônica um ofício menor, mas acabou se transformando em um dos melhores cronistas brasileiros, com um texto elegante, fluído e lírico.

Clarice Linspector

Coleção Plínio Doyle/CB/Reprodução/D.A Press
Ao comentar as crônicas de Clarice Lispector, Rubem Braga dizia que ela “só era boa em livro”. Mas o mestre do gênero se equivocou. Não percebeu que ela inventou uma espécie de subgênero dentro do gênero: a crônica metafísica. A partir de situações triviais, Clarice pode lançar o leitor a grandes voos de lirismo. Como ela mesma disse, a beleza é o nosso elo com o infinito.

Carlos Drummond de Andrade

Arquivo Estado de Minas -
O mais importante poeta brasileiro também merece figurar na seleção dos cronistas. A sua produção é vasta e desigual. Drummond guardava o essencial para a poesia, mas escreveu belíssimas crônicas, em um estilo, ao mesmo tempo, moderno e clássico, quase machadiano. Inovou no gênero ao fazer crônicas em versos, reunidas na série Versiprosa.

Vinicius de Moraes

VM Cultural/Divulgação
Como tantos outros nomes de primeira linha do modernismo brasileiro, Vinicius de Moraes escreveu crônicas para garantir a sobrevivência. Sem chegar a ser um cronista original, ele desfilou a condição de craque com um estilo impecável, combinando leveza , senso de humor e lirismo.


quinta-feira, 6 de agosto de 2015

POEMAS



O peru

Glu! Glu! Glu!
Abram alas pro peru!

O peru foi a passeio
pensando que era pavão
tico-tico riu-se tanto
que morreu de congestão.

O peru dança de roda
numa roda de carvão
quando acaba fica tonto
de quase cair no chão.

O peru se viu um dia
nas águas do ribeirão
foi-se olhando foi dizendo
que beleza de pavão!

Glu! Glu! Glu!
Abram alas pro peru!
Vinícius de Moraes em: A arca de Noé – poemas infantis, 1991.

POEMAS



A galinha d'angola

Coitada
da galinha
d'angola
não anda
regulando
da bola
não pára
de comer
a matraca
e vive
a reclamar
que está fraca:
-”Tou fraca! Tou fraca!”

Vinícius de Moraes em: A arca de Noé – poemas infantis, 1991.

POEMAS



A cachorrinha

Mas que amor de cachorrinha!
Mas que amor de cachorrinha!

Pode haver coisa no mundo
mais branca, mais bonitinha
do que a tua barriguinha
crivada de mamiquinha?
Pode haver coisa no mundo
mais travessa, mais tontinha
que esse amor de cachorrinha
quando vem fazer festinha
remexendo a traseirinha?

Vinícius de Moraes em: A arca de Noé – poemas infantis, 1991.

POEMAS



O pato

Lá vem o pato
pata aqui, pata acolá
Lá vem o pato
para ver o que é que há.

O pato pateta
pintou o caneco
surrou a galinha
bateu no marreco
pulou no poleiro
no pé do cavalo
levou um coice
criou um galo
comeu um pedaço
de jenipapo
ficou engasgado
com dor no papo
caiu no poço
quebrou a tigela
tantas fez o moço
que foi pra panela.

Vinícius de Moraes em: A arca de Noé – poemas infantis, 1991.

POEMAS



O Leão (inspirado em William Blake)

Leão! Leão! Leão!
Rugindo como um trovão
deu um pilo, e era uma vez
um cabritinho montês.

Leão! Leão! Leão!
És o rei da criação!

Tua goela é uma fornalha
teu salto, uma labareda
tua garra, uma navalha
cortando a presa na queda.

Leão longe, leão perto
nas areias do deserto.
Leão alto, sobranceiro
junto do despenhadeiro.
Leão na caça diurna
saindo a correr da furna.
Leão! Leão! Leão!
Foi Deus que te fez ou não?

O salto do tigre é rápido
Como o raio; mas não há
tigre no mundo que escape
do salto que o leão dá.
Não conheço quem defronte
o feroz rinoceronte.
Pois bem, se ele vê o leão
foge como um furacão.

Leão se esgueirando, à espera
da passagem de outra fera...
vem o tigre; como um dardo
cai-lhe em cima o leopardo
e enquanto brigam, tranquilo
o leão fica olhando aquilo.
Quando se cansam, o leão
mata um com a mão.

 Leão! Leão! Leão!
És o rei da criação!

Vinícius de Moraes em: A arca de Noé – poemas infantis, 1991.